Sociedade de Consumidores para Zygmunt Bauman

A Sociedade de Consumidores é, para nosso amigo Bauman, pautada pela ideologia do consumismo. Nela, o consumo exacerbado, exagerado e supérfluo ganha status de sucesso, felicidade e bem-estar. 

Ela é constituída por consumidores ávidos, competentes e engajados no ato do consumo; e Consumidores Falhos, sujeitos incapazes de se adequar à lógica do consumismo. Portanto, na Sociedade de Consumidores, a divisão sociológica está entre aqueles que têm acesso aos padrões de consumo estipulados pelo consumismo; e aqueles que não possuem acesso a ele ou cujo acesso é limitado (BAUMAN, 2010). 

Os consumidores ávidos têm uma sensação de que pertencem a uma comunidade, cujo convite de acesso e permanência é sua capacidade de consumo verificada. Portanto, são eles próprios mercadorias a serem consumidas e testadas (BAUMAN, 2008, p. 76). 

Essa comunidade artificialmente construída (BAUMAN, 2008, p. 94) não se estrutura por laços humanos fortes o suficiente para superar possíveis saídas abruptas de seus integrantes quando eventualmente se tornam consumidores falhos. Elas testam seus integrantes ao postularem e manipularem novos desafios ao consumo supérfluo, criando novas demandas e desejos. 

Por fim, a cidadania, na Sociedade de Consumidores, passa a ser confundida ou diretamente relacionada à capacidade de consumo. Este é seu senso comum e fruto da cultura consumista que dela deriva (BAUMAN, 2008). A divisão social que ela impõe, portanto, indica: 1) aqueles que passam a ter aparente legitimidade de acesso e voz do ponto de vista político à esfera pública; 2) os aparentemente excluídos de acesso e voz a ele.

Referências

BAUMAN, Zygmunt. Vida para consumo: a transformação das pessoas em mercadoria. Rio de Janeiro: Zahar, 2008.

BAUMAN, Zygmunt. Vida a Crédito. Rio de Janeiro: Zahar, 2010.


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Comentários

Uma resposta para “Sociedade de Consumidores para Zygmunt Bauman”

  1. […] Na sociedade contemporânea o consumismo se coloca como estilo de vida. Diz, portanto, não somente à sua estrutura e modos de vida, mas ao ideal que dele se depreende. Participar do consumismo como prática de vida, ou seja, como consumidor ávido e competente, é sinônimo de bem-estar, sucesso e felicidade pessoal. É sinônimo, do ponto de vista sociológico, de fazer parte de determinados círculos sociais e de estar incluído, ainda que inconsciente, na “ideologia da felicidade pelo consumo” (BAUMAN, 2016,  p. 93). O consumismo, diga-se, prática de consumo como fim e que extrapola as necessidades reais, é a lógica de funcionamento da Sociedade de Consumidores. […]

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